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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Largo do Moura

21/08/2009 - 08:40 Enviado por: Paulo Pacini

No ano de 1767, o sistema defensivo do Rio de Janeiro recebia um novo regimento de soldados vindos de Portugal, mais específicamente da cidade de Moura.
Nesta época, era comum as famílias hospedarem os soldados em suas casas, mas o comportamento arruaceiro e desrespeitoso destes militares acabou com o costume.
Foram então alojados na Praia D. Manoel, na Misericórdia, construindo-se um quartel para abrigá-los.
Sua presença na região acabou dando nome a outros becos, como o da Música, pois lá havia uma casa onde as bandas dos regimentos ensaiavam.
Bem ou mal, a soldadesca trouxe mais movimento a um bairro de caráter popular, formado por pessoas de pouca renda e ocupações modestas, como marinheiros e trabalhadores manuais.
Durante o século XIX, o local também foi abrigo de muitos estudantes, que vinham à capital com pouca disponibilidade financeira, adequando dessa forma seu orçamento a uma moradia que, apesar de pobre, situava-se na região central, perto das escolas.

Largo do Moura há 100 anos. Ao fundo, a igreja de N.S. de Bonsucesso


Em 1794, o vice-rei Conde de Resende constrói um chafariz no local, o qual foi reformado em 1851, ganhando mais duas bicas, além das duas originais.


Foi feita uma mudança no fornecimento de água, pois o chafariz passou a ser abastecido pelas águas do rio Maracanã, em vez daquelas do Carioca.


A razão foi o temor de que uma nova invasão à cidade colocasse em risco o abastecimento, caso o fluxo das águas do aqueduto da Carioca fosse interrompido pelos agressores. Nestes novos temores, ainda repercutia o trauma das invasões francesas de 150 anos antes. O chafariz era uma bela e simples obra, e desapareceu há mais de 100 anos.


A presença do regimento, em frente ao Largo do Moura, também fez com que o local se tornasse bastante adequado para execuções capitais, nessa época através da fôrca.


A proximidade dos militares inibia qualquer manifestação mais veemente de indignação ou revolta, especialmente depois dos acontecimentos da Inconfidência Mineira.


A rotina das execuções acabou dando nome a um dos becos, que passou a ser chamado de beco da Boa Morte, em uma tirada de humor negro versão século XVIII.
Como legítimo representante do bairro da Misericórdia, o Largo do Moura foi parte integrante de um dos mais antigos cenários urbanos da cidade do Rio, testemunhando inúmeras transformações ocorridas tanto no traçado urbano quanto nos hábitos, costumes, corações e mentes de várias gerações de cariocas.

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