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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A RODA DOS EXCLUÍDOS


12/08/2009 - 09:55
Enviado por: Paulo Pacini

Durante o ano passado, foi notícia em todos jornais do mundo que, no estado americano de Nebraska, graças a uma brecha na legislação sobre abandono de crianças, vários pais estavam largando os filhos em hospitais, a maioria já adolescentes, pois não corriam o risco de serem processados.
A safe haven law, como é conhecida, foi posteriormente modificada, e hoje só são admitidos recém-nascidos com até 30 dias de vida.

A roda na rua de Santa Teresa, em desenho de Thomas Ewbank (1845)


Por mais triste que seja a situação, a exposição de crianças sempre acompanhou a evolução da humanidade, fazendo mesmo parte da história de diversas religiões, como foi o caso de Moisés, assim como de vários personagens da mitologia grega.


Contudo, isso não serve de consolo para este grave problema social, e, para tentar mitigá-lo, foi criado na Idade Média, em Marselha, um dispositivo que permitia o abandono anônimo de crianças em instituições religiosas, as quais acolheriam e criariam os enjeitados.


A mãe colocava o bebê no berço de um cilindro vertical, que se abria ora para o interior, ora para fora, tocava uma sineta e ia embora para sempre. Todos países da Europa adotaram esta solução, dentre eles Portugal.


No Rio de Janeiro colonial, o mesmo drama se repetia, às vezes com cenas terríveis, pois muitas vezes os recém-nascidos eram atacados por cães e ratos.


A solução surgiu em 1738 por iniciativa de Romão Duarte, que criou a Casa dos Expostos, passando a funcionar no antigo hospital da Santa Casa, e, junto com ela, a roda para receber os indesejados.


A Casa esteve nesse local até 1821, quando foi transferida para a rua da Misericórdia nº17, e, em 1840, mudaria para a rua de Santa Teresa, atual Joaquim Silva, na Lapa.


De lá para o Cais da Glória, em 1850, e em 1860 à rua dos Barbonos (Evaristo da Veiga), onde ficou até 1906.



A roda também funcionou na antiga rua da Misericórdia, até 1840





A roda do Rio de Janeiro, porta de admissão à Casa dos Expostos, só viria a acabar em 1948, salvando milhares de crianças em mais de 200 anos de atividade.


O dispositivo não mais existe no Brasil, mas, infelizmente, o problema do abandono, que é uma questão mundial, continua presente.


A mesma necessidade que levou Romão Duarte, no distante século XVIII, a criar sua instituição protetora e conseqüente roda, fez com que a Alemanha a reintroduzisse seu uso em 2000, sendo hoje mais de 80 em atividade, o que mostra que o socorro aos totalmente indefesos deve estar sempre presente, seja de que maneira for.